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CORPO - PROGRAMA
CORPO - SALIVA
CORPO - ÊXTASE
CORPO - IRRUPÇÃO
CORPO - DOCUMENTO
CORPO - FAL(H)A
CORPO A BEIRA
CORPO - ABJETO
1- Qual a dramaturgia dessa coisa, como ela vai se amarrar, no sentido de como as ações vão se verticalizar ou eventualmente se separar, morrer, transformar ou juntar? Como começa? Como termina?


2 - Como perder o rosto, a pele e as mãos? Isso é plástico, ou é invisível? Como radicalizar o abjeto, o borrão, a beira, a fronteira, a outra identidade, leite?



RESPOSTAS LADO A

1 - NÃO SABEMOS COMO VIVER COM OS MORTOS NEM COM OS ANIMAIS. QUE DIRÁ A DRAMATURGIA DESSA COISA; NAO IMPORTA SUA PERFORMANCE OU TEATRINHO, O QUE IMPORTA É QUE SE FAÇA SENTIDO, MAS NÃO SABERIA DIZER AONDE EM QUAL SENTIDO. Esse lado diz de novo: um pulso cerrado que afunda no chão junto de mais 3 outras pontas formam quatro pontas pro diabo. Afundamos. Brasil 2021, a falência múltipla dos orgãos. Se fossem falir os orgãos estava tudo certo, a pena é que estão funcionando como nunca, quem falhou fomos nos. Esse lado responde novamente: Nós-ninguens andamos em círculos e o fim do mundo já foi. Cagamos entre os destroços. E comemos restos. Uma bactéria aqui e ali encontram vida em marte apenas. APENAS. Mas o brasil tem chão e esperança. Eu tenho. Queria estar transando com as esquinas da cidade.

2- uma das saídas é se queimar inteiro. A outra é vestir-me de alumínio e magipack. Sou um embrulho humano que não é nada no final das contas. Assim sumo, desapareço, desaparecer. Essa ação precisa estar melhor pontuada e localizada somente isso “ò céus" “ó cús”.


RESPOSTAS LADO B

1- Mas a dramaturgia dessa coisa talvez se amarre pelo círculo do bode. Um comendo o rabo do outro. Não tem fim.
Ela não tem fim talvez porque a ação talvez ela a ação seja talvez ela DURACIONAL.
Talvez não.
Talvez ela não tenha fim porque o inicio é igual o fim: Salivando nas 4 pontas pro diabo. O Meio se afunda pela desidentificação e borrar e tentar e confessar e tomar um leite e vestir-se de outra coisa e sumir e voltar ao metal, mas ainda não sei responder qual ação dura mais ou menos e porque e qual se sobressai e importa mais de durar mais no tempo do olho ou do corpo.

2 - Talvez o fim da pele seja rasgar-se interiormente e isso nem aparece. Mas nesse momento existe interior? Não tinhamos todos morrido pela falta de energia vital? Aloka. Sabemos que nao.
Esfregar-me na parede simboliza perder a pele, talvez, mas não preciso que seja simbolico, prefiro o literal da realidade e literal é literal, é aquilo a olho nú . Cansei de simbologia. Simbologia nunca nos tirou daqui deste inferno. Minha identidade deve morrer por que a nação deve morrer. E sim aposto fundo na ficção de tudo isso que construimos. Careta do rsoto que borra e lingua pra fora.
___nome_______ficção:

A essa altura perdi a voz, perdi o tempo, e quero outro. 25 anos. O video, as cartas, a performance e a dança, e eu finjo que odeio teatro. O corpo que se encontra aqui só tem a oferecer sua língua e sua saliva. 9 graus de miopia. Busco a festa e a criação de espaços o tempo todo, e sem querer, faço uma festa de rua pra gente esquisita ter liberdade. Penso muito na cidade e nas formas das coisas. Penso muito na criação a partir de distopias e utopias, ou usando elas. Penso e vivo numa constante irrupção do tempo, não tem jeito. Por muitas vezes me sinto uma criança aprendendo a andar, perco muito a noção do tempo. Queria ser mais alongado e ando muito inquieto.
No final das contas acho que é tudo fingimento e fingir é a saída. Ficção de apaziguamento pelo fim da Nação.
PÓS-SALIVADOR:
Tenho nove graus de miopia, o que significa que preciso persistir nessa realidade. A ideia de que vejo o mundo de outra forma, de uma forma diferenciada das outras pessoas. Isso porque gostaria muito de acreditar no encantamento do mundo, nas formas invisíveis das coisas. Ambiciosamente,tentaria então transformar a suposta forma como vejo o mundo em poesia, em arte, em pesquisa em linguagem, em objeto, em ação, em performance. Mas a verdade, e é isso que eu queria dizer pra vocês hoje, é que não consigo. Imaturo, irresponsável emocionalmente, talvez psicótico e controlador em minha relações, talvez até abusivo, confuso, injusto – e não é preciso coragem pra dizer essas palavras que vos digo – a intenção primeira dessa historia era contar desse arrebatamento que eu por vezes sinto ao olhar o vale do anhangabáu lotado de gente, mas a verdade mesmo é essa, sou solitariamente confuso e carente, uma criança mimada que talvez nunca vá, nunca queira crescer, queira permanecer imaginando o mundo ideal para viver e se autoflagelando em culpa, por vezes até inexistentes, culpas criadas por mim mesmo, enfim aqueles círculos internos intermináveis. A verdade é que sou mesmo esse idiota e precisava lhes avisar de alguma forma que em qualquer momento eu posso traí-los aqui. Como já fiz com muitas pessoas, como já fiz comigo mesmo, posso lhes culpar por coisas que voces não fizeram, posso mentir, posso manipular. E eu não sou um homem terrível obviamente, se fosse valeria a pena essa historia, eu só sou mediocremente um idiota. Eu cuspi na cara de minha mãe muitos anos atrás em uma das nossas terríveis brigas violentas que persistem até hoje. Me reconheci pela primeira vez nesse lugar da violência. Eu gostei quando meu primo 6 ou 7 anos mais velho do que eu, me atraiu pra de baixo do beliche a chupar seu pau duro, mas eu tinha 8 anos, me culpei, e não sei o que aconteceu ali, me senti muito culpado e sujo. Sou culpado por ter desejado um beijo e ter pedido naquele momento, e visto a cara de nojo de meu primo após esse pedido indecente. Ele recompensaria meses mais tarde, em um outro episódio, dizendo para eu abrir a boca ajoelhado no chuveiro e chupa-lo mas me surpreendendo com um jato quente de mijo direto dentro da boca. Não senti nojo mas me afugentei, sabia que fora uma traição pois ele ria imbecilmente depois, eu não saberia o que fazer a não ser fingir ter entendido a graça. Eu me reconhecia nesse lugar da traição pela primeira vez. Eu passaria os anos mais tarde ansiando para que aqueles episódios fortuitos não acabassem, pra pelo menos a culpa valer a pena, pra pelo menos entender melhor o desejo que se mostrava ali mas acabou inesperadamente, dando espaço a culpa e uma solidão terrível. Eu não viria a falar mais daquilo duvidando até mesmo se existiu, até hoje penso que foi um sonho. As vezes sem querer me pego pensando q foi um sonho. Eu me pego pensando se foi um pesadelo ou um sonho erótico. Eu passaria ainda mais anos tentando me afirmar enquanto gente, enquanto masculino, dignamente existente e capaz – o que hoje posso provar que não, pelo menos pra nada do que tentei. As tentativas começavam ali. A crise e a falência também. Eu era um completo clichê e agora passo a ser o idiota que continua a insistir na sua relevância e imaginação. Tenho sonhos completamente histéricos acerca do inominável e da bela forma das coisas. Não faço nada com muito êxito e quero fazer várias coisas com paixão.
Eu imagino que a humanidade começou com todos dançando. As luzes e a música penetrando seus corpos nus. O tempo se dilatando.
Um líquido escorria pelos corpos e pelas pernas de algumas pessoas. O grave da música é sempre o eixo pelo qual o tempo se penetra também na pele. Pela espiral do braço em alto que acompanha o quadril. Um som extremamente denso e alto tocava
Inexoravelmente as palavras saem gemidas do corpo deixando algum machucado a ser curado.


OUTRO MOMENTO:
1-
Eu imagino que a humanidade começou com todos dançando. As luzes e a música penetrando seus corpos nus. O tempo se dilatando.
Um líquido escorria pelos corpos e pelas pernas de algumas pessoas. O grave da música é sempre o eixo pelo qual o tempo se penetra também na pele. Pela espiral do braço em alto que acompanha o quadril. Um som extremamente denso e alto tocava
Uma mulher grita muito alto.
A mesma mulher grita em seguida em 3 línguas diferentes:
“A LÍNGUA É UM MAPA IMENSO”

As palavras irrompem o ar. A saliva não, ela cria seu próprio caminho.

Aquele corpo agora desfigurado de sua face, pensava que se pudesse o ser humano sentir o odor, ou no mínimo, a vibração dos corpos que já passaram pela Terra, por este mesmo planeta inteiro, e que morreram e derramaram sangue, ela nem sequer poderia existir tamanha a pressão que sofreria dessas forças virtuais no seu corpo. Ele pensava no ruído insuportável que existiria se todas as vozes do mundo continuassem a ecoar após serem ditas a primeira vez. Ele pensava na pele que havia debaixo da unha e que a unha é um osso.
. Era fragilidade demais para poucos ossos
O beirar é intangível, risco de principiante. A saliva é o que permite o caminhar sobre um trajeto feito somente dela. É só por meio dela que é possível a linguagem. Um homem com medo não tem saliva. Não baba, não expõe. O metal é o inicio do fim de todos os mundos que foram construídos a partir da violência. E foram esses três elementos os escolhidos pela primeira população de seres humanos que dançou. Alguém já havia dançado sozinho, mas nunca encontraram os restos dessa pessoa. Eu não sei por que escrevo. Falo sozinho.
o sujeito pós covid do tecnopatriarcado neoliberal fabricado pela covid não tem mais pele, não tem mais mãos. Ele é intocável. -preciado.